(Christiaan Oyens e Zélia Duncan)
"Sozinha
Observo melhor as coisas
Os excessos
Os afetos
Que me faltam
ou me afetam
Sem ninguém por perto
Meus olhos
ficam mais abertos
Imersos num vazio
Recheado
de detalhes doces
Longe das cortes
Sento no meio-fio
dos meus pensamentos
na beira do que eu invento
E aproveito
O lado bom
Da solidão"
_________
É o lado bom das coisas que desfruto, reparo, crio... me torno.
Sempre ... O Lado Bom.
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
domingo, 16 de novembro de 2008
Sensação
Em um ambiente fechado
Alguns se encontram...
Convidados pela curiosidade de sentir o que não se sabe.
Mãos estão a suar, respiração ofegar
Batimentos acelerar...
Inconsciente...
Meus dedos grudam ...
Consciente...
Eles se soltam...
Voluntários estão apostos....
Alguns olhos só observam...
Aos poucos aqueles vão indo...
Para onde, não sei...
Mas sei que vão...
Alguns choram, outros sorriem,
Alguns gritam, outros... Lágrimas em silêncio,
Alguns falam um novo idioma (uma língua não patriota)...
Estou ali a observar,
Mas algo me vem sensibilizar,
Não sei explicar, sensações,
Um choro vem me tomar,
“Eu não sei... eu não sei...”
E só fazia chorar,
Pus-me a retirar,
Veio como algo a explodir,
Calma... tentei retornar
E ali permanecer a observar...
“Eu não sei, eu não sei...”
Só isso estava a falar
Novamente o choro forte vem me tomar,
Retiro-me, ali já não posso suportar...
Não sei explicar, com intensidade
Meus olhos estão a lacrimejar
Não sei... só sinto
Já não posso ficar.
( 14/11/2008 ) Lapa Levana
Alguns se encontram...
Convidados pela curiosidade de sentir o que não se sabe.
Mãos estão a suar, respiração ofegar
Batimentos acelerar...
Inconsciente...
Meus dedos grudam ...
Consciente...
Eles se soltam...
Voluntários estão apostos....
Alguns olhos só observam...
Aos poucos aqueles vão indo...
Para onde, não sei...
Mas sei que vão...
Alguns choram, outros sorriem,
Alguns gritam, outros... Lágrimas em silêncio,
Alguns falam um novo idioma (uma língua não patriota)...
Estou ali a observar,
Mas algo me vem sensibilizar,
Não sei explicar, sensações,
Um choro vem me tomar,
“Eu não sei... eu não sei...”
E só fazia chorar,
Pus-me a retirar,
Veio como algo a explodir,
Calma... tentei retornar
E ali permanecer a observar...
“Eu não sei, eu não sei...”
Só isso estava a falar
Novamente o choro forte vem me tomar,
Retiro-me, ali já não posso suportar...
Não sei explicar, com intensidade
Meus olhos estão a lacrimejar
Não sei... só sinto
Já não posso ficar.
( 14/11/2008 ) Lapa Levana
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
Meus olhos ardem
Eles estão doloridos
É expressivo e falante
Impossível não notá-los
Tem o silêncio berrante
Cala os que me sentem
O meu pouco, foi muito
Meus olhos ardem
O meu pouco, foi muito
Meus olhos ardem
Afetaram meu mundo
Minha indignação
É por eu ser tão ingênua assim?
Fazer por eles
O que não fazem por mim?
Fazer por eles
O que não fazem por mim?
O meu pouco, foi muito
Mas já foi...
Afetaram meu mundo
A vida dará o depois...
Mas já foi...
Afetaram meu mundo
A vida dará o depois...
O meu pouco, foi muito.
Meus olhos ardem.
(25/09/2008) Lapa Levana
Meus olhos ardem.
(25/09/2008) Lapa Levana
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
Primavera - Cecília Meireles
A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.
Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.
Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.
Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.
Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.
Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.
Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.
Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.
Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.
Texto extraído do livro "Cecília Meireles - Obra em Prosa - Volume 1", Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 1998, pág. 366.
Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.
Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.
Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.
Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.
Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.
Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.
Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.
Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.
Texto extraído do livro "Cecília Meireles - Obra em Prosa - Volume 1", Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 1998, pág. 366.
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
Amizade de Almas
Conexão de almasQue fluem energia por gestos,Expressões que transmitem as mais belas emoções...Afetando aqueles que nos rodeiam...Alegria! Me toma um sentimento...Descrito pelo homem como Amor...Velhas almas conhecidas se reencontram...Ofuscam o brilho dos olhos teus...São sorrisos o formato das bocas...Felicidade vem e toma conta ...Em cada respiração...Do que descreve-se Amizade...Pois com vocês, sou só sorrisos...Pois com vocês, mostro-me na essência...Pois somos, velhas almas conhecidas.(02/12/2007) Lapa Levana
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Fome?
Se sim, se não
Querer, fazer
Ter medo, desejo, vontade
Sulgando-me, rompendo
Tomando-te fervendo
Meu, não meu
Sua, não sua
Essa lúcidez do instinto
Sim! É a libido
Do bicho que somos
Quando comidos em gemidos.
(22/01/2008) Lapa Levana.
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